terça-feira, 8 de setembro de 2009

O analfabetismo na pós-modernidade


Ao se falar em analfabetismo logo se associa ao não conhecimento das letras, à educação primária, básica. Contudo, ser analfabeto não se limita a essa área.
Atualmente, com a pós-modernidade, através da globalização e todo o processo de informação rápida e instantânea, de competição, de pertença a um único sistema econômico, todos ou quase todos os países tornaram-se integrantes da sociedade informacional, ou seja, há uma invasão da tecnologia midiática nos lares, nos ambientes educacionais, no trabalho, nos diversos lugares de lazer, em todo o mundo.
Os pequenos países, entenda-se aqui, os de pequeno porte econômico ou quase nenhum, são obrigados a fazer parte desse cenário, embora sejam meros figurantes, enquanto outros são os coadjuvantes dos personagens principais: os titãs, outros são os titãs de fato, e outros ainda se contentam em integrar o núcleo intermediário desse filme real de título “aldeia global”.
Os estudiosos do comportamento humano atestam o embate entre a evolução tecnológica e a involução humana. Comprova-se esta afirmativa, quando se percebe o aumento da desigualdade social, o crescimento do analfabetismo no ranking dos países classificados como mal alfabetizados comparados aos reconhecidos como bem alfabetizados ou com o índice mínimo de analfabetismo.
Hoje, a palavra analfabeto não é limitada ao homem primitivo, que não tem acesso à escola, mas sim, a inúmeras áreas, por entender o vocábulo analfabeto como ignorância a algo, desconhecimento, e assim surgem as classificações: analfabeto do letramento - aquele que não sabe ler e escrever; analfabeto tecnológico – pessoa que ignora qualquer instrumento tecnológico; analfabeto cultural - aquele que desconhece sua cultura ou qualquer manifestação cultural e por fim, analfabeto funcional – pessoa que mesmo reconhecido como alfabetizado, é incapaz de compreender o que ler, ou qualquer outro tipo de texto que a ele seja apresentado: uma imagem, uma escrita, uma sentença matemática, entre outros tipos de analfabetismo.
Com essa caótica realidade, da qual o Brasil integra, é assustador perceber o percentual de analfabetismo funcional apresentado pelo Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional. De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios (Pnad) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mais de 25% da população com mais de 15 anos é analfabeto funcional – um grande desafio para a educação brasileira.
Como se percebe, analfabeto não é apenas a pessoa que ignora algo, que não tem domínio da prática da escrita e da leitura, isso revela, talvez, o índice alarmante de crianças, adolescentes, jovens e adultos com capacidade restrita de interpretar, de analisar, logo, comprometido o futuro profissional dessas pessoas, de um país, em questão, o Brasil.
O pior é saber que essas pessoas chegam às Academias, não entenda aqui uma condenação às mesmas, mas um alerta a um problema que vem tornando-se uma pandemia no âmbito educacional. Obviamente, sabe-se que esse é um problema primário, logo, não poderá ser sanado imediatamente, tampouco, rapidamente, mas deve ser pensado o quanto antes para não comprometer as gerações futuras.
Se se passear pelas escolas, principalmente em horário de aulas de língua portuguesa e matemática é quase que descrível, incompreensível para o desconhecedor do problema, o cenário que se pinta diante de seus olhos e entender como tantos alunos são incapazes de compreender o texto que lhes é apresentado, seja de qualquer área, pequenas ou grandes sentenças frasais ou matemáticas ou outras.
Logo aparecem os questionamentos: - Que país é este? Que educação é esta? Para onde caminha a humanidade? Há uma grande controvérsia, um antagonismo, quando se percebe o avanço tecnológico desenfreado e o total domínio dos instrumentos dessa tecnologia por crianças a partir de 6 anos e o surgimento de hackers, ainda nos primórdios da adolescência.
A intenção deste texto é refletir sobre um problema que afeta a todos, porque um país de pessoas bem alfabetizadas, certamente terá um futuro promissor, uma sociedade constituída de homens e mulheres realmente conscientes de sua cidadania e da defesa da cidadania dos demais integrantes da mesma. Serão pessoas intérpretes das entre linhas do discurso de um povo que nem sempre terá a coragem de proclamá-lo, serão políticos verdadeiramente comprometidos em fazer política, juízes promotores da justiça, da igualdade social, protagonistas de uma nova era – cidadãos considerados alfabetizados funcionais, por serem capazes de desenvolver seu senso crítico a partir de sua alta capacidade de análise, de intepretação de qualquer texto ou situação.

Um comentário:

  1. Querida Itana,

    Parabéns pelos dois textos postados (ambos, maravilhosos): o que fala sobre a sua terra e o outro, acerca do analfabetismo na pós-modernidade. Que Deus continue a inluminá-la, para que você nos brinde sempre com suas contribuições crítico-transformadoras!

    Beijo, do amigo e admirador,

    Enézio.

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